A raposa-do-campo, mascote da UFCAT, têm alta probabilidade de extinção!

A raposa-do-campo, mascote da UFCAT, têm alta probabilidade de extinção!

Pesquisa avaliou a probabilidade de extinção da raposa-do-campo e os fatores que causam a sua mortalidade

O estudo publicado na revista Biological Conservation (https://doi.org/10.1016/j.biocon.2024.110805) em novembro de 2024, pelos pesquisadores do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado da Universidade Federal de Catalão (UFCAT) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) revelou uma alarmante probabilidade de extinção de 80% para a raposa-do-campo. A pesquisa avaliou a viabilidade populacional, que é capacidade de uma população de persistir em longo prazo, de dois canídeos silvestres que ocorrem no Cerrado, a raposa-do-campo (Lycalopex vetulus) e o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous). Para entender como as ameaças impactam a persistência das populações e o risco delas se extinguirem, o estudo analisou os impactos antrópicos sobre elas em agroecossistemas no Brasil Central.

Agroecossistemas constituem paisagem em que espécies nativas da fauna e da flora foram substituídas por animais e culturas exóticas e infraestruturas. Ao longo de onze anos, foi conduzido um monitoramento que contribuiu para fornecer dados que preenchem lacunas da história natural dessas espécies, como a longevidade, dados reprodutivos e taxas de mortalidade. Tendo em vista, os fatores que causam a mortalidade, foram analisados seis cenários diferentes para esses canídeos: 1) predação, 2) atropelamentos, 3) envenenamento/tiro e ataque de cachorro-doméstico, 4) mortalidade desconhecida de filhotes, 5) outras causas de mortalidade (quando a causa de morte não foi identificada) e 6) todas as causas de mortalidade juntas. Considerando todas as causas de mortalidade, os resultados mostram uma probabilidade de extinção de 80% para a raposa-do-campo e nos cenários em que a espécie poderá ser extinta, o tempo médio para extinção foi de 49 anos. Enquanto o cachorro-do-mato não apresentou risco de extinção.

Estas descobertas são preocupantes para a conservação da raposa-do-campo, uma espécie endêmica do Cerrado, que exibe uma preferência por fisionomias naturais abertas como os campos limpos e savanas, ambientes já massivamente convertidos em pastagens e áreas agrícolas e que em 2022 correspondiam a apenas 4,09% da área do bioma. Além disso, o alto risco de extinção está relacionado a vários fatores-chave de mortalidade da espécie, como por exemplo, as de causas desconhecidas, principalmente as de filhotes. Isso sugere que existem ameaças que ainda permanecem mal compreendidas, destacando a necessidade de investigações mais detalhadas. Assim, apesar da alta probabilidade de extinção da raposa-do-campo, ainda há uma janela potencial para resgatar a espécie da extinção.

Com base nesses resultados obtidos também sugerem que a raposa-do-campo deveria ser considerada como Vulnerável à extinção na avaliação internacional conduzida pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN em inglês), uma organização civil dedicada à conservação da natureza e que avalia o status de conservação das espécies em todo o globo. Ainda, a pesquisa conduzida pode ser utilizada para entender as necessidades de conservação de outros canídeos e carnívoros silvestres brasileiros que vivem em agroecossistemas semelhantes.